sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A ÚLTIMA BADALADA


Sigo meu caminho
Em direção incerta
Rogando por uma garrafa de vinho
Em taberna quente e coberta

Na estrada a caminhar
Ouço o zumbir de vozes
Vozes minhas a gritar
Em desespero uníssono

Galgando montanhas,
De sede pereço.
E quando o sol, os dentes arreganha
Sigo sozinho pagando o meu preço

Por mil noites vaguei por estas terras,
Terras de um povo miserável e mesquinho.
Arrastando-me, procurei por uma adega
Só encontrei espinhos no meu caminho

Vivo ainda como animal faminto,
Comendo restos de um labirinto
Chorando agachado pelos cantos
Matando a sede com meu próprio pranto

Se isto é vida, prefiro mil vezes a morte,
Dor pior que esta que sinto
Talvez apenas no pescoço um grande corte
Deitar-me-ei agora, a esperar
Pela última badalada do sino. 

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