quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Carne

Aos 16 anos de idade (1999), resolvi castigar o mundo com minhas palavras, escrevi.
Desta época sanguínea, uma poesia



Carne

Quando cheguei, emergindo lento
Do meu casulo sangrento
Para mim, tudo já estava preparado
Todas as bajulações haviam sido planejadas

Em labirinto infame
Um denso ar negro me envolve as ideias
Lembro-me dos dias aleatórios
Dádivas de coincidência inerte, causando sequelas no nada

A carne ainda exala aquele cheiro de desconfiança
Aromas repugnantes rebentam lacrimejar em olhos selvagens
Quantas lágrimas misturadas a lama,
Que até os tornozelos me cobria?  

As éguas mortas. Quanto fedor
Horror! O horror me corrói
Meus grandes olhos. Pedras vivas pelo desgaste
Se fecham, ao assistir a queda de carcaças vazias recheada de vermes

Na profunda escuridão, a dor me tortura
Meus joelhos, a lama se rendem
Lama eterna e vazia de formas
Onde foi que deixei minha carne carcaça?

Vejo o líquido viçoso
Onde se alimentam lentamente todos os vermes
Que como veleiros prateados flutuam, naufragam
E entram em minha boca morta.  

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